Um presente valioso
Na sala de estar do professor Dário, seu filho estava a sua espera a mais ou menos uma hora.
O pai desceu de chinelos e roupão. Era o seu traje oficial desde que soube da falência.
A empregada trouxe uma xícara de chá, e o professor sentou na poltrona francesa, cruzou as pernas e ficou a espera de uma solução que o filho pudesse lhe dar. Este começou:
- Pai. Há dias que não durmo, pensando no que fazer para recuperarmos tudo, mas não vejo solução. Daqui a uma semana, tudo irá a leilão. O senhor não tem para onde ir, a não ser para minha casa, onde será muito bem recebido.
- Preciso falar com você. – Disse o pai alheio a tudo o que ele falou.
- Sobre o quê?
- Peço-lhe que não me interrompa. Isso é muito difícil pra mim. Mas preciso da sua ajuda. Não tenho mais em quem confiar.
O rapaz se acomodou no sofá. Dário Veiga, então começou:
- Há uns dezesseis anos mais ou menos, chegou ao museu um jovem casal. Jamais conheci alguém que entendesse tanto de arte como aqueles dois, eles foram o meu braço direito.
- Eu sei. A Zilda, e o marido Nivaldo.
- Eu disse que não quero ser interrompido!
- Desculpe. É que me lembro bem deles.
O professor continuou:
- Zilda era maravilhosa em tudo que fazia. Aquele jeito de menina aos poucos foi me conquistando. Quando percebi, já estava apaixonado por uma moça bem mais jovem do que eu e casada. A gente não escolhe filho. Simplesmente acontece. É claro que meu casamento já não ia muito bem, então um dia surpreendi a Zilda e pedi para que largasse o marido. É claro que com uma filha pequena e o amor tão grande que ela sentia pelo marido, meu pedido nunca foi aceito. Muitas vezes ela quis pedir demissão. O marido nunca desconfiou de nada. Era um bom homem. Apesar de ele ter a mulher que eu amava, eu gostava muito dele. Era como se fosse um filho. Sentia-me muito mal por amar a mulher dele. Pensava todos os dias o que eu poderia fazer para provar o meu amor por ela. Então, no dia da exposição, resolvi presenteá-la. Dei a ela uma corrente de ouro, com um pingente com pequenas pedras de diamantes. Mas ela se foi, nesse mesmo dia.
- Não acredito! É difícil de acreditar... O senhor acha que... Essa corrente? Essa corrente vale muito dinheiro? Que tamanho são essas pedras? Daria para o senhor começar uma nova vida! Onde está a corrente?
- Júnior, Júnior, Júnior! Não me crave de perguntas, pois não tenho respostas para todas elas.
- Quando Zilda morreu... Pai tente se lembrar. O senhor foi ao enterro? Alguém estava com a corrente?
- Como posso saber. Naquele momento, eu só pensava nela e na tristeza que eu estava sentindo. Eu queria estar no lugar dela. Deixou uma filha tão pequena. Nunca mais vi aquela criança.
- Precisamos encontrá-la. É uma chance que o senhor tem de começar de novo.
- Dário, deixe a menina em paz. Chamei você aqui por outro motivo.
- Não estou entendendo pai.
- Você já vai entender. Essa chave. Abre um cofre na Suíça.
O filho sentou, e ficou extasiado olhando para o pai. Este continuou:
- Os diamantes na chave formam os números do cofre.
- O- que- tem – nesse- cofre?
- Uma pasta. Com um Ticiano Vecello.
- Qual delas?
- Madalena Penitente. Tenho uma foto no meu catálogo.
Enquanto o pai levantou-se e foi pegar na escrivaninha do escritório, o catálogo, o filho não sabia se sentava, se ficava em pé; estava totalmente inquieto, sem saber o que fazer.
- Olhe! Veja você mesmo.
- Não posso acreditar! É a solução dos nossos problemas!
- Como a solução dos nossos problemas? Não vê que não temos a chave?
- Mas a conta no banco é sua. O cofre é seu.
Com as mãos na cabeça o pai tenta explicar ao filho:
- Junior. Sente-se aqui. Vamos ter que fazer uma cópia.
- Da chave?
Mais uma vez as mãos foram até os cabelos brancos do professor.
- Da Madalena Penitente!
- Não. Não. Não, não. Pai! Isso é crime. SE QUISER SABER MAIS, É SÓ CLICAR AÍ DO LADO E COMPRAR O LIVRO: BIBLIOTECA24X7 OU LIVRARIA CULTURA. E BOA LEITURA.
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