segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O ESTRANHO CASO DO MATERIAL ESCOLAR - parte VII

Cada aluno saiu com um bilhete assinado pela direção. A escola estaria fechada por dois dias. A maioria dos pais protestou. Mas Zico sabia o porquê daquilo tudo e tratou logo de contar para o seu melhor amigo.
- Beleza dois dias sem aula Zicão.
Luca levou um safanão do amigo.
- Você não vê a gravidade da situação? Acabei de te contar tudo que eu ouvi.
- Então é por isso que não vai ter aula? Só porque o professor malucão sumiu?
- Faz um favor pra mim?
- Qualquer coisa! Pode pedir.
- Vá até a esquina, ver se eu estou lá.
- Poxa! Isso é sério mesmo heim?
- É claro que é sério! Nós não ficaremos em casa. Me dá seu bilhete.
Zico rasgou os dois bilhetes.
- O que você pensa que tá fazendo?
- Nós iremos pra escola. Vamos investigar e também fazer parte da reunião.
- Ah! Espertinho, e como vamos fazer isso?
- Usaremos a mesma estratégia... Você dorme em casa e eu durmo na sua casa. Sairemos uma hora mais cedo e vamos ficar escondidos no armário velho da sala dos professores. Com certeza a reunião vai ser lá.
- Mas eu tenho rinite, bronquite, um monte de it, que a minha mãe fala.
- Leva um pano molhado e põe no nariz! Te espero amanhã. Uma hora antes!
- Tá bom!...
Os meninos chegaram à escola por volta de seis da manhã. Foram até a garagem e encontraram os diários de classe no banco de trás do fiatizinho.
- É com certeza ele nem chegou a abrir o carro. - disse Luca.
- Isso mesmo. Não abriu o carro e não há sinal de luta.
- Mas olha só o chão, Zico! Está marcado. Tem pegadas!
- Ótima percepção Luca. Veja! As pegadas vão até o balcão velho.
Neste momento os meninos viram a garagem se abrindo e correram para a sala dos professores para se esconderem no armário.
Por uma fresta iam observando tudo.
Dona Elidia a Diretora, sentou-se a cabeceira e começou o seu discurso:
- Em primeiro lugar quero agradecer a todos por estarem aqui. Até mesmo aqueles que não têm aula hoje. O assunto é muito sério e vai fazer com que nossa escola saia nas páginas policiais.
Neste momento começou um alvoroço, todos conversavam ao mesmo tempo:
- Silêncio! Não temos tempo a perder! Temos um professor raptado. Se fosse só o sumiço dos materiais, tudo bem! Mas um rapto na escola? Isso é o fim do mundo. Vamos ter que chamar a polícia! Devemos uma explicação à família. É claro que o bom nome de nossa escola será manchado para sempre.
- Mas Dona Elidia, a senhora não pode permitir isso! O nome da nossa escola será arrastado na lama!
- Professora Neide, não podemos nos esconder e deixar que as coisas continuem acontecendo. Agora, foi o professor Estefânio, amanhã ou depois, será um de nós.
Os meninos no armário começaram a suar frio e Luca com vontade enorme de espirrar  segurava o pano molhado no nariz.
A reunião prosseguiu.
- Bom, então o que a senhora sugere? - perguntou o professor de história.
- Já disse. Chamaremos a polícia. Não posso adiar mais. A família de Estefânio está me cobrando uma posição.
- Sugiro que aguarde mais um tempo, até que os seqüestradores entrem em contato. Talvez estejam querendo alguma coisa.
Essa voz rouca veio do fundo da sala. Era da professora de Matemática que nunca abria a boca para dizer nada a não ser números. Ela era minúscula, muito franzina. Os cabelos pareciam nunca terem sido penteados. Os óculos sempre remendados. Suas roupas e sapatos dos anos cinqüenta, mas quando abria a boca para lecionar todos os alunos tremiam. Sua voz era firme e rouca.
- Nestas circunstâncias é o melhor que devemos fazer. A reunião esta encerrada. Gostaria que ficassem comigo alguns professores para aguardarmos uma posição dos seqüestradores.
O professor de história e a professora de matemática resolveram ficar.
Os meninos esperaram a sala esvaziar e saíram rapidinho de lá.
Esgueiraram-se pelos corredores até chegarem à garagem e foram correndo para o galpão abandonado.
Olharam em volta, e não viram nada. Já não tinha mais nenhum rastro. Quando estavam saindo desanimados, Luca sentiu em seu ombro algo pingar. Olhou pra cima e tamanha foi a surpresa.
- Zico! Olhe! É o professor Estefânio.

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