quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O ESTRANHO CASO DO MATERIAL ESCOLAR - parte VIII

O professor estava amarrado e amordaçado dependurado nos caibros do galpão.
- Como vamos fazer para tirá-lo de lá? São mais de três metros de altura. Calma professor! Vamos tirá-lo daí. - gritou Zico.
- Vamos pedir ajuda Zico!
- Isso! Vamos pedir ajuda.
Neste momento o professor, ficou agitado e se mexia muito lá em cima como se quisesse dizer alguma coisa. Então os meninos entenderam que não deviam sair do galpão para avisar ninguém.
Pegaram carteiras velhas e as empilharam. Enquanto um segurava o outro subia com cuidado e com um estilete conseguiu cortar as mordaças e libertar o professor. Mesmo colocando uns três colchonetes o professor sentiu muitas dores nas pernas com a queda, mas estava fora de perigo.
- O que aconteceu professor? Quem o prendeu aqui? -perguntou Zico.
- Vamos meninos! É muito perigoso ficarmos aqui. Luca a sua casa é mais perto vamos até lá e explicarei tudo.
- O senhor está em condições de andar? -perguntou o menino.
- Sim com muita dificuldade chegaremos, só não podemos ficar aqui. Eles voltarão a qualquer momento.
Saíram pelo portão dos fundos e rapidinho chegaram à casa de Luca.
Quando a mãe viu aquilo não acreditou!
- Mãe ligue para a mãe do Zico, enquanto pego algumas roupas do papai para o professor. Zico vá até a cozinha e prepare alguma coisa para ele comer.
Minutos mais tarde, o professor se alimentava e todos em volta dele o olhavam com ansiedade. Seus pais e irmão também foram avisados e estavam lá a espera de uma explicação.
A mãe do professor foi até ele e fazia-lhe um carinho nos cabelos enquanto o filho comia.
Quando o alimento já estava pela metade, o professor parou para respirar e olhou para os presentes. Seus olhos se encheram de lágrimas e da sua boca ainda trêmula de medo e fome saíram as seguintes palavras:
- Eles não são humanos! Querem destruir a escola! Não podemos deixar!
- Calma meu filho! É melhor você descansar. Depois conversamos, sim? -disse a mãe com sua voz suave.
O professor Estefânio voltou a comer e subiu para o quarto de Luca para descansar.
O pai de Luca quebrou o silêncio:
- Bom enquanto o professor descansa, pra matar o tempo é melhor fazer um cafezinho, não é Bem?
- Claro! Claro! Faço um café reforçado, com leite, pão e manteiga pra todo mundo. Posso contar com a sua ajuda na cozinha? Tratou logo de levar a mãe do professor para a cozinha, deu-lhe uma água com açúcar e começou a tagarelar sem parar para distrair a boa senhora. Até um bolo ela fez. Os homens e os meninos ficaram na sala, conversando e discutindo sobre o que realmente teria acontecido.
Na verdade a ansiedade só acabaria quando o professor acordasse de seu sono conturbado. Assim poderiam finalmente saber o que aconteceu e tomar providências para por fim nesta história que estava sem explicação.
Enquanto o professor dormia e todos tomavam café e conversavam sem parar o telefone do irmão do professor tocou. O silêncio tomou conta do ambiente. Tocou mais três vezes, até que o ele atendeu e colocou no viva-voz. Uma voz robótica vinha do outro lado da linha:
- Se querem seu irmão de volta, terá que fazer tudo que nós mandarmos.
- Mas...
Todos fizeram sinal de silêncio para que ele não revelasse que o professor já estava a salvo. Então ele continuou:
- Pode dizer. O que vocês querem?
- Queremos que o professor Estefânio peça demissão da escola Oeste e se inscreva na escola Leste.
- Mas porque ele faria isso?
- Tente convencê-lo disso, mais tarde passaremos o telefone para ele e você como irmão mais velho o convence. Ele é uma pessoa difícil de negociar. Vai convencê-lo ou não vai?
- Vou tentar convencê-lo.
- Se você não conseguir convencê-lo, nunca mais verá seu irmão.
O telefone foi desligado e por alguns segundos todos ficaram em silêncio.
O pai de Luca quebrou o silencio com a frase:
- É um blefe!
- Isso! Disse o irmão. É um blefe! Eles não sabem que Estefânio está conosco.
- Já sei o que está acontecendo. Vamos Zico!
- Onde Luca? O que está acontecendo?
- Agora é você quem faz as perguntas? Vamos para a escola!
- Meu filho pode ser perigoso! Daqui ninguém sai. -disse a mãe de Luca ficando à frente da porta.
- Não se preocupem, logo estaremos aqui. Vamos logo Zico!
Os meninos correram para a escola. Entraram no galpão velho e ficaram esperando escondidos atrás do armário.
- Qual é a sua idéia Luca? Confesso que não entendo o que estamos fazendo aqui.
- Relaxa, já matei a charada. Se eles pensam que o professor ainda está aqui, eles virão aqui.
- Mas é isso mesmo que vai acontecer e nós estaríamos mais seguros em casa.
- Como mais seguros em casa? Onde está o destemido e corajoso Joaquim? Que resolve todas as paradas. Fica frio. Vamos pegá-los com a boca na botija.
- Com a boca onde? Olha aqui, presta atenção eu não quero ser abduzido como os Maias.
- Você ainda insiste nessa história de alienígena.
De repente ouviram passos e calaram-se.
- Essa não! -disse Zico baixinho. É a diretora, o professor de história e a professora de Matemática.
Os três ao olharem para cima ficaram desapontados.
- Era só o que me faltava! O palerma fugiu. -disse a diretora abaixando-se e observando as cordas cortadas. E ele teve a ajuda de alguém.
- Ele não conseguiria sozinho. Afirmou o professor.
- Mas quem pode tê-lo ajudado? - perguntou a professora ajeitando os óculos para espiar melhor os detalhes da corda.
- Creio que não foi uma pessoa só. Vejam as pegadas. Duas pessoas estiveram aqui. Estamos encrencados. Nosso plano de afundar essa escola e fazer com que a escola leste seja a melhor da cidade, agora irá por água abaixo. – disse a diretora.
- Mas podemos negar tudo. Todos pensam que o professor de química é maluco. –  afirmou  o professor.
A diretora Elídia andava de um lado para o outro e olhando firme nos olhos do professor disse:
- Espero que não tenham mudado de idéia. Precisamos de vocês na escola Leste. Com bons professores lá, derrubaremos essa escola. Isso mesmo vamos negar tudo.
- O que faremos agora? - perguntou a professora Neide.
- Voltaremos para a sala dos professores, chamaremos a polícia. Inverteremos o jogo e aguardaremos, como se nada estivesse acontecendo. O professor Estefânio está livre, mas muito fraco para dizer alguma coisa e tudo o que ele disser, negaremos. 

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